Caminhando na cidade sem espelhos
Sem vitrines, sem ofertas, sem sinais.
Só lembranças de beijos, tardes de sossego, vida certinha querendo ser rock’n’roll.
Cantando na cidade de crianças sem olhos, escrevendo nas camisetas desespero.
Não é filme de horror.
A cavalaria aponta a espada pra garganta das senhoras de olhos negros.
Olho fosco, nenhum brilho na cidade alegria, vou celebrando, nessa festa passional, eu vou.
Picasso na camiseta dos meninos,
Goya rasgando nas meninas.
Caminhando na cidade sem reflexo. Nem poça d’Água, nem carisma, não há segredos na cidade alegria.
Comprei enciclopédias no sebo pra curar meu amor complacente,
que me deixou órfão de giz, Thoreau e Max Stirner.
Não há reflexos na cidade alegria, não quero nome, nem imagem, nem orgulho enquanto eu estiver na cidade perdida.