Calça pop-art.
Na cidade que reveza entre a pressa enfurecida de quem vai entrar no ônibus e a lentidão da garoa fina.
O espanto de Roy Lichtenstein na bunda da morena carnavalesca.
Morena ruiva. Wellaton cereja.
Calça pop-art.
Meu corpo exala o cheiro de éter.
Todas as ondas sonoras perfurando os olhos de velhos.
Já somos indiferentes à qualquer bretadeira.
O espanto de Roy Linchester na penumbra semi-negra. [Nem deu pra ouvir seu ultimo grunhido.]
Os tratores reformam nosso crânio,
escavadeiras constroem abismos na alma.
Estou ouvindo uma música velha que me transporta pra longe,
parece mágica, eu sinto que não existe mais ninguém aqui. [Se foram embora, nenhuma dor reside aqui.]
Tanta desgraça e a única comoção é a bunda carnavalesca da morena ruiva.
Wellaton cereja.
O único espanto esta impresso em uma calça pop-art.
Viciamos nas duas horas do transporte público.
A indiferença mora em nós e já cremos que nenhuma dor reside aqui.