Preso em um sonho preto e branco
Sem luzes vermelhas no Largo do Arouche.
Cinema fechado.
Os ladrilhos sujos como as mãos do Chinês do yakissoba,
Como os bolsos do garoto de programa,
como meu vagar sem rumo.
Ensaio um passo acelerado,
As luzes se apagam sempre que venço os postes,
Silogismo regular, alcalóide residente nas minhas narinas.
Os mendigos congelam com suas necroses,
as putas e suas roupas curtas vão para casa mais cedo.
Sou desse conjunto esquizofrênico – Depressão de viciado.
A moça deslocada e suas roupas de couro,
Sadomasô demais pra minha moda,
Angelical demais pro meu gosto.
A moça carrega um livro amarelo no meu sonho negro.
Introdução à lógica, um sonho sem luz vermelha.
Todos presos na mesma esfera de um diagrama de Venn.
As putas, minhas narinas carcomidas, os mendigos necrosados,
o Chinês, os garotos de programa, a moça angelical.
Tenho minhas dúvidas – roupinha sadomasô.
Todos presos na mesma esfera de um diagrama de Venn.