Piazzas IV

05/08/2014 Sonhos Viciados

Velhos terroristas descansam nas labaredas dos meus olhos.
Meninos decrépitos mutilam minha língua em pedaços de noite e sombra.

Canto doces canções para o vento assassino de sonos e colchões improvisados.
Enquanto manchetes compradas corrompem a alegria de nossas festas de orgia e espuma.

Sem sessão no cineminha putaria do arouche Calígula sente a solidão congelando os ossos.

Todos os vagabundos acolhidos na imensidão dos azulejos dos meus bares preferidos.
Toda dor descansando nas sarjetas e bancos na cidade dormitório sem vagas.

Calígula e seus amigos invisíveis comem o jantar sabor abandono,
Mísseis estilhaçam toda hombridade que me resta.
Morteiros alertam a ascensão de nossa animalidade.

Escolho jantar uma esfiha velha na cidade dormitório sem vagas.

Um cara entre vielas cheias de gente e ônibus lotado. Que se perde em alguns bares e se põe a ver a velocidade dessa gente. E rir da estupidez dessa lógica.

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: