Vidas cruzadas

11/11/2011 Sonhos Viciados

Vidas cruzadas
Joelhos grudados
Andar de mãos dadas

Tapa na cara
Um adeus contido.
Até logo Mentiroso.

Nunca mais sincero,
Nunca mais charmoso.

Troca-se os corpos.
Recicla lábios,
novos olhares as mesma falas.

Ninguém se importa.
Línguas vulgares,
Intimidade descartável,
Desde que se tenha sexo,
Baixaria e pernas abertas.

Cabelos se perdem,
Se encontram, se misturam.
Os pelos na cama,
Teus cabelos na minha blusa.

Os gostos de meninas,
senhoras e putas,
Rodízio de cores, de fios,
Mil aromas, cada corpo uma textura.

O adeus até nunca mais,
O adeus até daqui a pouco.

Despedidas e encontros.
Irônias de um destino deturpado.

Um cara entre vielas cheias de gente e ônibus lotado. Que se perde em alguns bares e se põe a ver a velocidade dessa gente. E rir da estupidez dessa lógica.

Comentários

One thought on “Vidas cruzadas

  1. O que pela lógica sentimental deveria durar um pouco mais, se transforma num “até logo mentiroso”.
    E o que é “intimidade descartável” se transforma num adeus até daqui a pouco.
    Contraditório e realista.

    Ótimo texto. 😉

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