Gosto dos livros por causa de cada história que eles carregam, essa frase parece óbvia demais não? Quase isso. Muito além das palavras impressas em cada encardenado temos um apego, uma dedicatória, um amor, um amigo. Cada livro vira um registro do espaço tempo das nossas vidas. Como músicas de infância, as trilhas sonoras dos nossos romances. Só folhear cada um na estante que acende as memórias.
Vou começar com a história do livro, a do autor mesmo. A história relata o romance de Cauby e Lavínia, ele um fotógrafo viajado que pousa no Pará, um Pará que enfrenta conflitos entre empresas e mineradores sedentos por ouro. E ela uma linda moça de humor instável e casada. O terceiro membro da trama é Ernani, o marido de Lavínia, um líder religioso da região, um pastor influente que vai arrematar a história de Cauby.
O livro é dividido em partes que ajudam a entender a instabilidade de Lavínia, o olhar de Cauby, a presença de Ernani. Além do triângulo amoroso outros personagens são igualmente interessantes, Chang, um careca, uma dona Jane, Viktor Laurance. A primeira parte do livro inicia com a explosão do romance de Lavínia e Cauby, o ponto auge do livro.
Nota 10. A primeira parte introuz Cauby e fortalece a primeira parte do livro, “o amor é sexualmente transmissível”, essa parte faz você querer chegar logo ao fim. Só no meio ele perde um pouco o ritmo, daí você se dá conta que é uma ficção, pois até então tá mais para novela da vida real.
Agora volto pra minha história. A que vai ficar quando eu olhar pra estante. Praia. Gosto de férias, aquele momento de que amantes atingem um alto nível de cumplicidade e um cara que não gosta de livros.
Irônico, não? Pois é. Ganhei esse livro de um amigo secreto da empresa, ele solta um:
– Legal o livro, mas eu mesmo não gosto de ler.
Em dois segundos eu fico em choque, no outro segundo eu penso em como fazê-lo a gostar de livros. Desisto de todas as anteriores. Tá certo seu Monteiro já alertava que uma sociedade decente se faz com livros e muito visconde de sabugosa, mas vá lá. Ele só não gosta de ler, vai que ele troca as horas de leitura e vai aproveitar a vida. Que? Ler também é aproveitar vida? Talvez pra ele não.
Fiquei dias pensando nisso, porque eu leio? Não sei ainda.
O segredo, dizia Chang, o china da loja, não é descobrir o que as pessoas escondem, e sim entender o que elas mostram.
Cauby discorre sobre amor citando um livro que ele lia e relia na época da explosão do seu romance com Lavinia. O que vemos no mundo, um tratado sobre o amor de B. Schianberg.
“Minha vida não estaria completa. Porque nenhuma vida está completa sem um grande desastre, como afirma Schianberg. Um sábio. Pervertido, mas sábio”
Seu amigo, Viktor Laurence é apaixonado por livros e cita situações e personagens da ficção como se fossem reais meio a conversas cotidianas.
Daqui uns anos vou abrir de novo o livro e sentir cheiro de areia, o vento da balsa, um amor num quarto com vista pro mar. Vou lembrar do Inácio, do cachorro marujo, da Sandrinha “malhação”.
A minha trilha sonora quando não se pode fazer barulho. E você, porque gosta de ler?
Obs. O livro que Cauby lê é ficção e serviu de guia para um um filme interessantíssimo. O amor segundo B. Schianberg.
Obs 02. Esse livro virou filme, não vi ainda, mas já estou atrás pra ver. Quem gosta da Camila Pitanga, fique atento, ela dá vida a Lavinia, moça de dupla personalidade que gosta de baixaria, ao menos uma de suas personalidades que Cauby nomeou como Shirley
Livrão. Nota 9!
Taí mais um escritor que morro de vontade de ler, mas ainda não tive a oportunidade. Pelo que conheci por meio das adaptações cinematográficas de Cão sem Dono e O Invasor, sei que vou gostar dos livros. Esse da resenha está na minha lista há tempos…
Não conhecia esse livro, mas gostei muito pelo que eu vi. Ainda mais que é bem longe do que eu sempre costumo.
E só pra comentar, gostei muito de como você falou do livro. Às vezes fica mais legal assim do que a resenha comum.