Eu comi suas ruas negras
Como se fossem putas de ébano
Lambi os copos dos seus bares
E neles sentia o gosto do seu sexo
Sentei sobre o degrau de um prédio velho
E lá olhei teu céu e tuas entranhas
Beijei teu ar de fumaça, poeira e gente
Abracei suas luzes que se perdem no céu
Ouvi seus lamúrios no som sem nexo dos mendigos
Te ouvi fingindo ser seu amigo e só quis te comer
Caminhei nas ruas que eram dos carros
Sorri dos bêbados que dançavam na calçada
Queria estar onde eles imaginavam estar
Queria estar entre suas pernas imaginadas
Em cada esquina me achei e te perdi
Ignorei os nomes cinzas de suas placas
Andei a esmo por seus seios, lábios e coxas
Penetrei sua alma e no fim você quem me abriu
Quis beber suas lágrimas de cidade suja
Então levantei seu rosto de cidade nova
Não menti quando disse que te amava
Mas não chorei quando me virastes as costas
Assisti sua luz se perder pelo retrovisor
Mas continuei com sua luz em minha alma