Hélio Oiticica beija minha mão esquerda enquanto eu tento esconder opiáceos dos guardas e malandros dessa rua antiga e sem dono. Me escondo nos paralelos invisíveis da tua língua morta sem tradutores e dicionários. […]
São Paulo habita em mim

Eu sou todo saudade,
Entre a São João e avenida liberdade.
Eu sou todo um corpo violado,
Um bar esquecido no altar suspenso das suas coxas.
Eu sou todo pixo,
Pura violência nos muros da sua intimidade.
Eu sou todo abandono,
Adormecido na fileira mais suja do cine Arouche.
Eu sou todo saudade, afogado no barril de corote do meu Vicente vizinho.
Eu sou todo insônia,
Cortando olhares suspeitos na rua Aurora as seis da tarde.
Eu sou todo narcótico, fila no banco, anestesiado pelo vai e vem faminto de suas ruidosas e infinitas janelas.
Sala de espera e enchente. Tudo isso no mesmo abraço.
São Paula habita em mim