Quase um demônio

06/10/2014 Zumbido Fugaz

Eu já desperdicei tanto sulfite com poema
Mas guardei toda doçura que recebi em folhas.
Beijei meninas para saber suas opções
Forjei saudades só para testar ações.

Pintei a cara de branco para me salvar
Menti motivos para não magoar pessoas
Fiz prova de análise literária bêbada
Pesquisei no google para impressionar.

Cortei o cabelo por pura raiva.
Fiquei até mais tarde para que não chorassem
Como chorei tanto para conseguir ir.
Dancei até me ensopar de suor.

Li até perder o ponto e as lágrimas
Me desequilibrei no metrô e sorri
Tropecei em buracos e corei
Corri para não perder um olhar.

Entreguei bilhetes anônimos para alegrar
Preparei comidas apimentadas para irritar.

Comprei chocolates amargos para você
Fiz arabescos da nossa história na parede
concordei que tava certo para não brigar
restou redenção e tristeza comigo.

Me modulei em ações nem sempre apreciáveis
desenhei meu túmulo e dos meus amigos
fumei até perder o chão de piso ladrilhado
e nem por tudo isso me tornei um demônio.

Imagem: Agnes Cecile

Um certo alguém simples que busca conhecimento e auto-conhecimento através dos escritos. Que se encanta por olhares e perde a noção do tempo tentando desvendá-los...

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