
A propaganda é mais forte que a gente imagina e levantar bandeira é tolice. Um vulto que engatinha, um progresso com preguiça.
Americanizados pela própria natureza de um passado próximo. Meus ídolos George e Paul. Rabisco um índio caricato, deve ser um dogma plantado na Amazônia que nunca estive.
Desenho um cocar colorido, não sei se Xavante que desaprendeu a lutar ou Xingu que veste Adidas. Sei que nenhum deles mora em mim. O primeiro brasileiro. Natural da minha primeira escola. Iluminista, sem fundos, sem professor, tinha merenda, as vezes aula.
Flechas sobrevoam a cena do crime. Crime passional, aqui nada é premeditado. Ao menos é isso que a gente fala quando dá merda. Ataque violento, nossas guerras frias não escondem o sangue quente, a latinidade. Virá fácil revolta do gordinho do Cidade Alerta ou vai pro CSI – Miami, lógico, porque lá a gente compra tudo mais barato. Sem injustiças, o primeiro brasileiro é o mulato. Da casa grande que foi dar as caras na senzala. Meu iá-iá meu iô-iô. Lava as escadarias, inventa um outro nome pra um mesmo santo. Nesse fim de ano vou dar sete pulinhos pra vencer as ondas e esquecer dos nossos mil vícios. Nós temos deusa pro mar e vários dialetos.
Ao menos, isso que me mostra a retina. O sonho americano, o sonho médio, só espero a vida melhor em 12 vezes sem juros, um horizonte que meu salário compre. Uma revista caras com meus sorrisos na capa.
Desenho um roqueiro de um passado próximo. Stars in heaven. Rockstar que fala de amor e que fez pacto com o demônio. I love you, baby. Já fui mais radical, mais mini americano. Hoje eu não nego, gosto do batuque. Da folia, dos corpos suados. Da farra, dos confetes, do trombone de vara. Já disse das roupas curtas? gosto também delas e do biquíni mínimo.
Desajuste dessa gente. De humor e passividade.
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A imagem e o vídeo, logo abaixo, nasceram bem antes desse texto. Na realidade o incomodo veio quando os dois projetos terminaram. Ao analisar os ícones aleatórios que escolhi. O imaginário incubado, brasileiro. Os trabalhos eram referente a pós-modernidade com roteiro e co-criação de Julie Garcia, Andrea Guerriero e Michel dos Santos. Agora vou ali, curtir o carnaval.
