Vou sair essa noite
Pela rua e de mim mesmo
Vou ser outro essa noite
Desconhecido sair a esmo
Desfaço os nós dos seus dedos
Chupo seus lábios em flor
Me dobro e te domino o desejo
Façamos um de nós sentir dor
Vamos seguir a melodia
Aquela que a noite entoa
De gatos se arranhando
De cantores bêbados atoa
Grite alto suas palavras de consolo
Soe em bicas pintando meu rosto
Me deixe invadir você, sendo frívolo
Quero, antes do beijo de tequila, seu gosto
Bebâmos as dores e as falhas
Brindêmos a nossa falta de pudor
Molharei com suor a sua malha
Olharemos a cidade com horror
Seremos os zumbis das noites sujas
De pele sem cor, de desejo e raiva
Odiados por todos, mas amados por putas
Bebendo alcool misturado à saliva
Pedirei seus beijos com um puxão
Abraçarei suas pernas, te tocarei
Farei de tudo sem ligar pro seu não
E no fim, nua e perdida, a deixarei
Voltarei para o meu canto e a ser Angélica
A moça enorme que ninguém pode amar
Quem sabe amanhã eu volto a ser Jhony
À quem você [e todas elas] querem amar!