Gênesis 1:31[/quote_right]
Olhei pro espelho e como um retrato cheio de mistério e putrefação, como um Dorian Gray com mais coragem, vi meus olhos imundos.
Minha face contaminada pela vergonha de meia-dúzia de erros maldosos.
O cara do reflexo mataria seus inimigos, como um selvagem, e os serviria no jantar. E caminharia seiscentos e sessenta e seis dias no deserto com o gosto de suas carnes na boca.
Gosto de satisfação e vitória. Doppelgänger as avessas. Uma cópia que queria ser em tempo integral. Uma cópia que invejo e esboço ser
Olhei pro espelho, olhos secos, todas as virtudes da outra face suja me levam pra um fim de desgraça e escuridão.
Um fim certo, como complexo de Golbach,impossível de provar mas prático e real. Cada espelho que vive nas nossas ruínas e virtudes, cada santo convertido em demônio, cada vergonha de ser quem somos, cada deserto de glória vencido em força sobrehumana.
Meia-dúzia de rezas, meia dúzia de erros, meia dúzia de acertos. Número perfeito em corações receosos.
Líquidos olhos, sou eu ou o espelho?
Não sei.