Fui escrever umas bobagens, acabei revelando alguns segredos

22/05/2009 Colunas - Sonhos Viciados

os livros fechados em caixas, esquecidos.
como suas roupas no armário.
O pó devasta as memórias que lutam, resistem.

Tintas de cabelo e suas modelos sorridentes na embalagem,
deixam claro que ao norte tem um lago e maior que ele só as mentiras.

Ainda me faz sede, me faz vontade, mesmo sem acreditar.
Sendo cada dia mais um novo riso de descrença.

Devia é dar ouvidos, pra quem diz que não há motivos.
O espirito sempre se faz reflexo dessas manhãs.
Entupidas de carros, 13 graus, chuvisco e cinza.

Se embebedar nem sempre faz sentido,
nem dizer que ama,
nem dar promessas quando se venta demais.

Pensei em Deus falando de tempo,
como seria enraçado.
pensei em todas as teorias do relógio.

No geral nem sei o porque do pensar nessas coisas todas, deve ser o gritar das sete da manhã, da vida apressada que floresce no concreto gelatinoso. sempre perco a atenção e quando me dou conta eu viajo nos tacos do seu velho apartamento no centro decadente da cidade. Daí volto pros pulmões cheio de vestígios de gigantes Fiat de 1945.

Punhaladas, como seus olhos no sabádo passado, tão urgentes como o meu, nem valeu a desculpa do fazer café, do fugir de cena. Não importa, ela já viu tantas vezes os meus desesperados, na verdade por isso ela não se intimida, apenas foge.

Penso até no seu gato negro, que dei vários apelidos, que sempre que dá eu tiro uma da cara dele, pois sei que nunca exitará em me fazer mal, ao menos assim somos sinceros. Ele quer minha parcela quando convém e se afasta quando meus músculos exalam maldade. Ela ri, de mim e do gato. Ao menos tiro um riso na noite de tacos soltos, de tacos despreendidos.

Com todo mundo é assim, as múltiplas sensações e setas na cabeça, eu só viajo até o trabalho no cenário super-lotado enquanto deliro nas memórias recentes na cabeça,nas memórias impossiveis de se apagar. Assim me liga as mãos na varanda, varanda que dá pra uma praça cheia de mendigos e figuras nada confiaveis. Ela solta que poucos são confiaveis e melhor lidar com o inimigo que se fiar demais em território amigo, ela assisti meu silêncio e entende que busco como louco alguma referência ou um bom argumento para o ir contra e ou a favor. Engraçado, ela entende. Solto só um riso de quem já tem resposta, ela aguarda, mas sabe, eu não vou contar.

Eu não vou contar.

Um cara entre vielas cheias de gente e ônibus lotado. Que se perde em alguns bares e se põe a ver a velocidade dessa gente. E rir da estupidez dessa lógica.

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