Eram beijos roubados no portão de casa
Carícias escondidas no ônibus
Batata frita na boca do outro
Doces dados cheios de cerimônia
Querendo parecer que não era nada
E na real era tudo mesmo.
Pois passava o dia querendo
Encontrar algo que agradasse
Buscando em cada olhar
Desvendar os desejos sombrios
Para tentar realizá-los
Da maneira mais discreta
Aos olhos do mundo e mais singela aos seus olhos.
Então acordei e pensei: o que eu tô fazendo?
Tava me apaixonando, me deixando levar
Totalmente desarmada, nua aos seus pés.
E o momento mais difícil da vida de alguém
É perceber que está se deixando ir
Para dividir-se com alguém especial,
Mas eu me assustei, como assim?
Não posso, tenho que voltar para o meu mundo
E fechá-lo novamente, antes que…
Antes que eu fosse totalmente dependente de você.
E então, foi o que eu fiz, olhei em seus olhos
E disse: Não te amo mais.
Como consegui fazer isso?
Coragem de me salvar de uma suposta prisão.
Caminhei por um longo deserto de almas vazias
E quando não te vi mais lá para mim
Me encolhi e percebi como te quero tanto.
Descobri que ficar contigo não é prisão
É abrigo, é companheirismo, é sorrir de verdade.
Todos temos liberdade de escolha e eu escolhi você
Sem tantos porquês, não me perguntem
Deve ser o jeito como você fala comigo e com mais ninguém
O jeito como tenta se despedir de mim
Parecendo que nunca vai conseguir
ou a forma como me beija ardentemente…
Na verdade esse é meu enigma que talvez nunca desvende
mas preciso que você fique aqui, só comigo.