Meus olhos chovem
Pelas palavras que não ouvi
As que queria e as que deveria
O silêncio penetra a sala
E sua neblina densa
Deixa o óbvio invisível
Que se perde
Entre justificativas
Desimportantes
A boca desértica
Procura na memória
O oásis do seu beijo
E sacio o cio nas memórias
Agora enegrecidas
Pelas palavras tóxicas
O diálogo é breve
E poluído
Cheio de silêncio sem sentido
E 1 metro de distância
Viram anos luz
De qualquer lugar
Um buraco negro
Sugou nossos suspiros
Deixou-nos então a bufar
Queria jogar fora
Essa mágoa pesada
E flutuar no seu seio
Atrair seu corpo celeste
Pra minha gravidade
E dançarmos no vácuo
Em nossas órbitas oblíquas
Juntar-se num abraço
Que nos aniquila e nos funde
Mas hoje sou aquele ruído
Um zumbido fraco e intermitente
Que só irrita e é errado