Minhas Mentiras X Minhas Verdades

05/12/2011 Gritos do Nada

Já ouvi todas as mentiras já…
E acreditei num milhão delas
Eu perdi muitas vezes a medida
De saber qual verdade é sincera

Já ouvi as mentiras sim, mas também as contei
E só fui sempre sincero na raiva das ofensas
Não espero que entende as coisas que passei
Mas também não tô nem ai pras suas crenças!

Esperei até o último segundo
Fui fiel até a última saída
Já fui traído por esse mundo
Mas não deixei ver as lágrimas caídas

Já me joguei em copos de cerveja
E em minúsculas doses de esperança
Já cansei também de ter certeza
Nunca desejei mesmo ter uma vida mansa

Já gritei na cara dos inimigos:
“Filho da puta! Vem pra cima!”
Também já me joguei nos porres dos amigos
E acordei jogado numa esquina

Nunca procurei que tenham pena
Sempre preferi que tenham inveja
Não nasci pra ser uma figura amena
Estou aqui pra a vida que se deseja

Troquei socos no ar com qualquer um
Nunca medi o tamanho do inimigo
Não sai de nenhuma briga sem ser carregado
Balançando as pernas e gritando palavrão!

Sonhei um mundo melhor e mais justo
Lutei a luta adolescente por isso
Já achei que panfletos mudavam tudo
Mas fui sincero em cada vez que gritei!

Ah como quis palavras de ordem pra gritar!
Mas hoje a única causa a ser salva é a vida
Cansei de ser o sonhador a lutar
Uma luta que quase sempre é perdida

Mas ainda tenho as esperanças todas
Do moleque petulante encarando novidades
Mas não luto e nem desejo coisas bobas
E só entro numa briga se for por sinceridade

Não amei ainda tudo que podia
E tenho ainda ódio de montão!
Não eu não perdoo e sou vingativo
Não deixarei de ser eu pra ser bom…

Sabe aquele que sempre ri no final?
O filho da puta ganhando ou perdendo?
Que diz com gosto um não na sua cara
E ri de ver você chorando e correndo?

Sabe o cara que parece saber tudo?
Que finge tão bem que parece mesmo…
Que sua petulância parece ser a certeza
De que é realmente bom de verdade…

Sabe o cara bebendo na mesa ao lado?
Que ri alto e gesticula?
O que parece precisar de toda atenção?
E esse cara nem parece ser uma pessoa insegura

Sou todos esses caras e o tempo todo
Mas sou também o caladão soturno
Que senta sozinho no fundo do ônibus
Que tem medo de ligar e vergonha de perguntar

Na real sou só esse cara com a mão no teclado
Das histórias curtas e engraçadas
Sou só esse cara de jaqueta e moto
E ser esse cara, perdoem-me, é ser foda!

Alguém que se perde facilmente entre cerveja, noites, amores, sexo, shows, músicas, letras, palavras, motos, asfalto, montanhas, amigos e nunca acha que é muito o muito pouco que viveu!

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: