Novos Protestos – Velho Xadrez

08/10/2013 Gritos do Nada

O trânsito parou ante os gritos rimados da multidão
Os vidros estão fechados nos carros assustados
Tem os rostos cobertos os revoltados no meio da rua
E capacetes da PM protegem nosso viver encabrestado

Estão colocados frente a frente Cavalos e Peões Brancos

A classe média reclama nos carros parados
Dentro dos ônibus os rostos tristes da periferia
Igualados na morte e na espera do trânsito
Ainda assim vivem em seus mundos separados

Os Peões Pretos apenas observam, não se acham parte do todo

E fora desses mundos o conflito se estabelece
Todos correm enquanto sobe no ar o gás de pimenta
Pelas ruas se espalham os curiosos que agora correm
PM’s protegem a porta de um prédio público qualquer

Torres e Bispos atiçam seus Cavalos… eles não tem cores

Morteiros, bombas, cassetetes e tiros de borracha
Rostos cobertos, paus, pedras e coquetéis molotov
Tudo zune e voa por sobre a praça e seu céu negro
E vira um som só, junto dos gritos e dos palavrões…

É só na vida real que os Peões Brancos se movimentam como querem

Viram o carro e nos jornais requentam o termo vândalos!
Descem pelas ruas e vandalizam lojas e lanchonetes
Mesmo lugar onde a pouco pagaram pelo Nº1 no cartão
Quer coerência de quem deixa de saldo lojas quebradas?

É só no Xadrez que os Peões Brancos não podem recuar

Duas horas? Três horas? Quem sabe… só agora a rua volta a viver
Por sobre os escombros partem funcionários alforriados por hoje
Que vão chegar mais tarde pro descanso e não querem entender
Vão ver o jornal achando que tudo tem apenas um lado, e acabou.

Torres, Bispos e Cavalos (sem cores) combinam seus discursos

Na escalada dos jornais dois rostos graves dividem as manchetes
“Quebradeira, protestos, vândalos, professores, balas de borracha…”
Tudo vira uma coisa só e destrutiva e a confusão da praça fica menor
Que a confusão que o jornal tenta fazer na cabeça de quem acredita

E no fim os Peões acham que seus inimigos são os Peões de outra cor.

Alguém que se perde facilmente entre cerveja, noites, amores, sexo, shows, músicas, letras, palavras, motos, asfalto, montanhas, amigos e nunca acha que é muito o muito pouco que viveu!

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: