Cata-vento cravado em túmulos. Sugando os sopros de vida.
E nós na eterna insistência de se reciclar em medos.
Alma renovada em pequenos crediários, novos sapatos, eu estou vivendo com medo.
Uma névoa negra mancha toda minha cidade, tirando a cor dos sonhos, sufocando antigos sonetos (versinhos felizes de amor e esperança)
Cata-ventos cravados em túmulos serão inúteis (quando a vida for embora.)
Nosso corpo será inútil (quando a vida for embora)
Nenhuma memória será consolo (quando nossas consciências se apagarem)
Uma onda de medo tira o sono dos meus amigos.
Tenho uma vizinha que tem medo da morte.
Na minha rua muita gente dorme, levando a vida só com uma espuma e um agasalho.
Podia me sentir um cara de sorte, mas existe uma força que tira o sono da minha cidade. Estou vivendo com medo, não sei ao certo de que, talvez precise de um novo crediário.
Essa noite sonhei que encravava cata-ventos no peito de todos seres da minha cidade.
Sopro de vida no coração dos meus amigos, um fôlego pra minha vizinha que se assusta com a ideia da morte.
Acordei um pouco triste, escrever sobre medo não ajuda em nada.
Cata-ventos coloridos, meus amigos terão sossego.
Ainda temos tempo, de tirar a poeira e tomar jeito.
Ontem eu tive um sonho, vamos viver sem medo antes que qualquer sopro seja tristeza de túmulo com adereço.