Hélio Oiticica beija minha mão esquerda enquanto eu tento esconder opiáceos dos guardas e malandros dessa rua antiga e sem dono.
Me escondo nos paralelos invisíveis da tua língua morta sem tradutores e dicionários.
O relógio perde os sentidos e todos os cantos proibidos do teu sexo se contorcem no calor infernal do cu de virgens medrosas.
Os pelos se ouriçam, os meninos pederastas não aceitam suas escolhas. As mães correm pra casa sentido falta de pão e alguma dose de bigamia.
Me escondo no alto de cúpulas lustradas de gozo e óleo de linhaça. Nenhum grito, gemido, nenhum perdão, nenhuma vergonha das suas escolhas.
Lindas garotas de pernas grossas descansam longe dos meninos hereges. E eu sou um deles, invisível nas praças milenares de tijolos, pregos e esculhambação.