Faz dias que ouvi uma frase e é por isso que voltei. Como pode, sei lá. Mas me disseram que o amor acontece ao contrário.
Isso, de trás pra frente. A gente começa com o fim. Com direito a tapa na cara e puxão de cabelo. É o final feliz. Te como de quatro, te pego de jeito. E não é feio, é encanto. Paixão. Ainda quero isso pro meu último suspiro. Seria tudo pra mim, ser guiado sabe-se lá pra onde. Até o inferno seria doce. Apaixonado.
O começo a gente sabe, amistoso. O primeiro dia na escola. Quando nem a gente se aguenta. Volto pra casa, pego um copo com gelo. Dias quentes. Não sei que estação estamos. Não ligo a TV, nem me importa o jornal. As notícias, a vida congelante. Os cheiros das moças que senti no intervalo entre minha casa e o trabalho confirmam. No geral todo mundo vive diversos finais felizes. Obrigado Deus. Um brinde a democracia. Dos corpos, das escolhas, da pouca vergonha, das roupas curtas.
Ao contrário. E viveram felizes para sempre. Branca de neve que não transa, Sereia Ariel sem xana, não sei, tenho minhas dúvidas. Quando se fica bem triste se canta, uma ópera de tristeza e frustração. Que merda, qual é o mesmo o canal que passa o jornal nessa hora?
Melhor pensar nos outros finais felizes, que todo mundo vive. Nos fios de cabelos, nos faróis da cidade, da gente correndo, da gente se enroscando. No dia final que a gente se conheceu. Pensei no fim com todas elas. Se fosse Tutankamon pensaria num jeito de levar todos os suspiros comigo, pra eternidade. Aqueles que eu ouvi de todas elas, sussurrados, dados, roubados ou gritados nas vezes que estive no meio delas.
Eternidade. Deve fazer parte das histórias Disney Channel. Por isso não sou Tutankamon e as minhas memórias são dispersas e se misturam na fumaça carbono da cidade.
Histórias de amor ao contrário. Do fim pro começo. E no final a gente se esbarra, troca farpas, se estranha. Termina na cama ou num canto. Hoje eu gosto dos finais felizes. Especialmente aqueles, em que eu as conheci.
Tbm acho. ^^
Lembrei até de uma frase que diz que o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Se não me engano, de Érico Verísimo.
Bjs 😉