Sorriso aberto para caras fechadas
Ele não via nada quando olhava pra todos
Mentia nas cores dos tênis
Chorava no gel do cabelo
Fingia milhares de amizades na tela azul e branca
E nos beijos desesperados das noites perdidas de sábado
Nunca sozinho… sempre solitário
Nunca vazio… sempre perdido
Esquentava sua mão entre as pernas dos meninos
Mas não era só sua mão que era fria ou sua mente vazia
Passava pelas casas e nada sentia…
Outro gole, outra vez, outra noite… que importa?
Corpo novo com coração velho…
Sorriso juvenil com cinismo senil…
A velha esperança se perdeu nos filmes pós-apocalípticos
Ele caminha com fones entre os zumbis no metrô
As mentiras estão mais fáceis de acreditar…
Ele digita no celular entre os zumbis que caminham na rua
Ele não percebe, sortudo, que é também um zumbi a caminhar
Mortos caminham num tempo em que todos são meio vivos
Queria fechar meu coração, queria sorrir disso tudo
Fiz um epitáfio para um corpo com vida
Axioma de um coração em coma.