Calendários e Feriados em Camburi

05/05/2011 Colunas - Gritos do Nada

Era um dia, mais um dia qualquer
Que passava pela janela semi-aberta
Num prédio esquecido de uma rua a esquerda

Com desejo ela olhava o calendário na parede
Aquela imagem de uma praia desconhecida
Que permeava seus sonhos, esvaziava sua vida

Era papel de parede no seu desktop
E entre alt/tabs sempre ela via
A intocada, sua praia perdida

No metrô, nos comerciais de tv
Procura encontrar a imagem que fascina
E no quarto do velho prédio sonhava sozinha

Que segredos procura guardar?
Olhando fixamente a imagem parada do mar?
Quis tanto o fim nas areias, o que esperar?

Era quinta, outra quinta qualquer
Seu destino mudou, mudou sua vida
Espera o ônibus, procura sua saída

Descer a serra, ver o mar, sumir
Entre as areias desconhecidas
Desejar com medo se destruir

Ela queria sua praia, viver
E nas areias molhadas de Camburi
Pobre menina, quase nada pôde fazer

Acabou o feriado, e a imagem está lá
Ainda permeando seus sonhos dourados…

Sua vida é uma espera, quem sabe tem fim…
Um fim onde todas as horas são dela,
E os tais dias úteis são dias de fugir

Alguém que se perde facilmente entre cerveja, noites, amores, sexo, shows, músicas, letras, palavras, motos, asfalto, montanhas, amigos e nunca acha que é muito o muito pouco que viveu!

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: