Antonio não queria nem saber, pediu outra!
Mesmo estando tão bêbado que não se levantava
O truco estava silencioso, como nunca esteve
E Antonio só fez sua jogada quando a breja chegou
Tomou de um gole todo o conteúdo do copo americano
Respirou pela boca e soltou um suspiro alto
Seu parceiro limpava o suor que lhe escorria da testa
Eram 50 reais apostados por cada jogador, ele pensava
A embriaguez de Antonio milagrosamente passava
E então ele lembrou do seu dia de merda…
Das coisas que ouviu o dia todo e deixou passar
Lembrou das mulheres que nunca lhe olharam na cara
Pensou em cada derrotinha que tem durante seu dia
E pensou que agora era a hora de se vingar…
Tinha um ZAP! Seu adversário lambia os lábios
A guerra do truco se dá mais com mente que com cartas
Faz o sinal pro seu parceiro fazer a primeira
Ele manda um pica-fumo e os caras deixam passar
Vem a segunda e o parceiro não joga nada!!!
Ele fica puto, até que entende a estratégia…
A segunda foi ganha por eles com um 2.
Vem a terceira e então o silencio é cortado: TRUUUUCO!
Seu parceiro coça a testa, estremece… não recebeu o sinal
Antonio diz que quer ver e faz seu parceido pedir seis
Ele pede sem nem levantar a voz…
Os caras aceitam, mandam descer, o parceiro de Antonio joga o 3…
Todos se entre olham, eles riem e um grita: NOOOOOOVE!
Antonio sente que é esta a hora… chega a sua vez.
Ele olha o Copas no meio da mesa, vê os olhos arregalados do parceiro
Toca com o dedo as bolinhas que escorrem do seu copo
Afasta a cadeira e então toma um ar…
DOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOZEEEEEEEEE LADRÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!
Seu parceiro fica branco! Abaixa a cabeça e parece rezar
Os caras ficam indecisos, olham o Copas e os olhos semi-serrados de Antonio
Um deles pega no braço de Antonio, olha no fundo dos seus olhos
Sente o cheiro da bebida, sorri e diz: Desce.
Antonio levanda da mesa, pega o copo, bebe…
Manda o Paraiba descer uma branquinha… saboreia o momento.
Então ele desce, bem lentamente, a mão até a mesa e apresenta o ZAP.
Seu parceiro levanta da mesa e começa a pular pelo bar…
Os caras levantam, Antonio pega a grana e sorri para eles.
Não se viu de onde, mas um deles tirou uma faca e furou Antonio
Todos correram, ficaram no bar Paraiba e Antonio apenas…
Antonio vê o sangue manchar sua camisa social amassada
Assiste o desespero na cara do Paraiba… mas continua sorrindo
Tosse sangue e fecha a cara e diz: Porra Paraiba, cadê minha pinga?