A revista me diz como devo ser, ou como deveria
E no quartel ensinam moços a se mover igual
A felicidade é uma obrigação, pela qual se morreria
E estranhamente acham que viver mentiras é normal
Na TV passam exemplos que não parecem comigo
De mulheres e homens de plástico e sem sofrimento
Cada imagem um absurdo acompanhado de um sorriso
Corpos perfeitos, mentes vazias e nenhum lamento
Vomitam regras inimagináveis, mas com fina educação
Enquanto a “bunda” do momento diz bobagens na TV
Somos nós ou realmente não se deve ter ambição?
Devemos aceitar o modelo e contar os anos pra morrer?
Cada um é parte de uma coisa maior e desumana
Uma máquina gigante que tritura originalidades
Pois é preciso fazer sempre o que o mestre manda
E vestir-se a cada dia de uma diferente falsidade
A verdade é uma lágrima escorrida no escuro
Por traz das máscaras, do que fingimos ser
Tratamos com inveja e repulsa quem tem orgulho
Quem se levanta, não se nega e é o que quiser
Tem gente que apanha e morre na rua por ser verdadeiro
Porque tem gente idiota que não suporta quem se assume
Pra que tanto patrulhamento, tanto cuidar do rabo alheio
Talvez porque diante da coragem dos outros se tenha ciúme
Para que tanto faça isso, leia isso, vista isso?
Se no final todos nós somos tão iguais…
Mas ao mesmo instante tão perfeitamente originais
Tão eu, tão você, tão nós…