Uma menina suja e bem vestida

14/04/2011 Colunas - Gritos do Nada

Noite fria de São Paulo
Maldita São Paulo estéril
Onde mentiras são contadas
Onde verdades são mentidas

A suja e linda São Paulo megera
Dos becos e dos viciados zumbis
Que alucinados brigam pela última pedra
Tragando a morte pra ser um segundo feliz

Dicotômica cidade de felicidade a ruir
Dos bares lotados de sorrisos
Dos shoppings, templos pra se consumir
Das putas sujas e seus perigos

Da noite livre onde manda a grana
Dos carros cinzas de vidros fechados
Dos moleques, pelas ruas, que ela ama
Que roubam, sorrindo, os carros parados

Onde o balcão do bar vira teatro
E bêbados falantes são atores
De uma peça onde não há errado
E esses bêbados fracassados são senhores

A São Paulo da noite fria
Fria São Paulo que finge não ver
Que em suas periferias se faz a sangria
Do povo que faz a cidade acontecer

Perfeita São Paulo que olho com horror
Uma menina suja e bem vestida
Que não desfruta da paz merecida
Mas vê no peito de todos seu amor

Amor tão profano por uma mãe que desejo
Que despedaça nas calçadas sujas do medo

Despertando com o frio da goroa suja
De um sonho onde minha alma arrependida era sua

Alguém que se perde facilmente entre cerveja, noites, amores, sexo, shows, músicas, letras, palavras, motos, asfalto, montanhas, amigos e nunca acha que é muito o muito pouco que viveu!

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: