Sem entrar em questões religiosas ou quem dirá metafísicas, se Deus existe ele mandou algumas provas. Listando de maneira breve as mais contundentes são perfume e coxas de mulher.
Tem gente que diz que essa coisa de mercado e consumo é coisa do diabo, eu mesmo já nem me importo, adoro todos aqueles cheiros dos frasquinhos. Repetidos mesmo, aos montes pra massa. Andando por ai, desfilando na Oscar Freire, direto da gringa ou numa cópia etílica da praça da Sé. O que o importa é o recheio, algum sábio canalha já deve ter nos alertado, mas o cheiro é a lembrança da sem vergonhice. E elas jogam o cabelo ao vento com seus fios empregnados de condicionadores e as fragrâncias te apunhalam forte, dentadas de vampiro e desde então você nunca volta a ser o mesmo.
E cada trem cheio um traço da vampira te aprisiona ou te eleva o espírito, uma direita bem dada no baço sem chance de defesa.
Perfumes te transportam, viagem no tempo in-natura, coisa de Deus só pode.
Os mais frouxos relatam outros odores. Os mais brutos dos caras gostam da essência pura das moças, com direito a suor e bochechas rosadas, temperadas pelo clima tropical só nosso. Sem recursos franceses ou nomes que homem de verdade não conhece.
Bom mesmo é a variedade, ser surpreendido e aguardar o reencontro, mesmo que seja outro corpo ou de alguma senhorinha que vai com o carrinho de compras em sua direção. Outro dia eu conto das coxas. Agora eu nem mais estou aqui. Viagem no tempo.
Democrácia se faz assim, sem direito a voto mas com todas as regalias e sem verdades absolutas. Mas Deus existe e sempre aparece acompanhado de um perfume de mulher. Amém.
* Na imagem do post uma pintura de John William Godward, feita em 1914. The new perfume.
Isso é uma coisa fascinante, perfume de mulher… Tenho dito e já disse aqui: http://www.prascucuias.com.br/colunas/sonhos-viciados/perfume-de-mulher/