Ela tão despretensiosa que não importaria o fim
andava como um zumbi entre os seres maquiados
e você acha que ela se preocupava com o que falavam?
Ela ouvia tudo filtrado pelo system dela…
Suas noites eram dolorosamente apavorantes
deitava e gritava, gritava tanto…
Não era mais encenação, não era o típico teatro
era o corroer de uma vida que maltratava.
E chorava, chorava tanto e adormecia soluçando
os vizinhos nem mais ficavam curiosos ou ajudavam
era algo que quem sabe o tempo curasse ou um suicídio.
Nem tentava a arte do sorriso, pra quê? Doía-lhe mais.
Caminhava pelo sol quente das 13h e não sentia nada
além de uma vontade imensa de mergulhar em suas próprias
lágrimas, medos, intrigas, loucuras e futilidades,
mas o mundo não deixava, hora de voltar ao trabalho!
Na madrugada de hoje sorriu para o próprio quarto
que empregava lembranças de um passado bonito
que não permeava mais o presente momento melancólico
admirava uma adaga que ganhara do seu único amor
que colecionava-as e a deu como um símbolo do estranho amor.
Enfiou lentamente aquela pequena adaga em seu peito esquerdo
tão dormente estava que a dor de viver era pior do que aquela
retirou-a e enfiou mais uma vez, tão fundo que nem imaginava
eu intrigada com a falta de gritos naquela noite a encontrei
com as últimas lágrimas da sua existência e o sangue que coloriu
perfeitamente o cenário sombrio daquele quarto vazio…