A turba, a morte e a razão acéfala

06/05/2014 Gritos do Nada

Foi ela!! Foi ela? Não foi!?! Não importa
A turba não pensa, a turba não negocia
A turba grita: PEGA, MATA, ESFOLA!
Cheia de razão com gente sem razão.

Se 2 cabeças pensam melhor que 1
Como 10 cabeças pensam pior que 1?
A turba não liga, arrasta a mulher
Culpada ou não, vão vingar sua revolta!

Revolta que não vira voto
Revolta que se faz contra o igual
Foi legado ao povo mais um direito
O direito besta de se auto-destruir

Mas e se o crime nem ocorreu?
Como pode ela ser culpada?
Mas a turba deixou de ser marginalizada
Na fala da jornalista que está sempre certa

Não você não entendeu… não importa a culpa!
Justiçar é injusto, não é sinônimo de justiça
A turba julga do mesmo jeito que mata
Aos trancos, barrancos, porrada e acefalia

Uma mãe morreu e só isto bastaria
Que história o pai vai contar aos filhos?
Quem vai enxugar as lágrimas da família?
Quem vamos linchar agora?

E seus restos descansam numa gaveta fedida
Num cemitério de pobres, num bairro de pobres
Mas na minha cabeça ela continua sendo arrastada
Desesperada e inocente pelas ruas de terra

Pobre do povo que acha fazer justiça com as mãos
Pobre justiça que se desfaz na mão do povo
Maldita miopia que não percebe que crime é crime
Venha do lado ou com a intenção que vier

Alguém que se perde facilmente entre cerveja, noites, amores, sexo, shows, músicas, letras, palavras, motos, asfalto, montanhas, amigos e nunca acha que é muito o muito pouco que viveu!

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: