Se a Morte…

19/02/2011 Colunas - Gritos do Nada

Se a Morte tivesse uma cor ia ser um alegre fúcsia
E derramaria de suas roupas, e seria ópaca e brilhante

Se a Morte tivesse uma cor
ia ser uma mistura mágica dos azuis e dos vermelhos.

Se a Morte tivesse um cheiro ia ser fácil de saber
Com medo sentiríamos arder o nariz e lágrimas escorrer

Se tivesse morada ia ser perto do Sul.
Longe daqui. Em algum lugar onde não se pode ir
Em uma estrela pouco iluminada, cercada do luto preto do espaço

Um homem de rijos músculos guardará a entrada.
Segurando sua serpente de duas cabeças.
E quem iria tentar invadir a casa da Morte?

Se a Morte soubesse as horas nos levaria nas alegres
Pra que em sua barca tivessem sombras dos sorrisos
E que no seu caminho pudéssemos perceber a beleza de morrer

Se a Morte tivesse pena, ah se ela tivesse, crianças iriam ficar
Pra poder envelhecer e não ser mais motivo de pena…
Se a Morte poupasse o céu era vazio…

Se a Morte tivesse um rosto, teria um lindo sorriso
E seria horrível, grotesto olhar em seus olhos
Se a Morte tivesse um rosto, só veríamos uma vez

A Morte caminha sorrindo, talvez fosse capaz de cantarolar…
E dos seus olhos, tristes olhos, as lágrimas caem sem parar.
Alegre por viver? Triste por matar?

A Morte é cega, só pode ser…
Só assim pra não saber que fúcsia não é alegre
E que não se morre quando se parte, se morre quando se para de viver…

Alguém que se perde facilmente entre cerveja, noites, amores, sexo, shows, músicas, letras, palavras, motos, asfalto, montanhas, amigos e nunca acha que é muito o muito pouco que viveu!

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Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: