Eu já nem mesmo sei mais quem sou
E fracamente quero esquecer pra onde vou
Um dia me disseram que sou culpado e aceito o fardo
O carrego mesmo que faça meu caminho mais árduo
Carrego todas as culpas sem cometer os erros
Conto as verdades no silêncio e minto com urros
E trago no fundo do peito meus inconfessáveis medos
Espero que ao descobrí-los os mantenha em segredo
Ah tentei me livrar desses medos em cada esquina
Perdi uns, ganhei outros… a experiência me ilumina
Perdi-me entre os risos e as lágrimas no meu rosto
Prestei atenção aos sussuros e não entendi o proposto
Sonhei acordado com as luzes que via pelas noites que corri
Fugi de mim entre os goles e tenho quase certeza que morri
Me achei nas manhãs de gosto seco na boca
Trabalhei com os olhos injetados e a mente louca
Odiando todos não segurei nenhuma mão ou braço
Mas me apoiei em seu ombro e quis seu abraço
O seu amor me fez mais forte e vulnerável
E essa dicotomia me fez alguém crível
Chorei cada gole e bebi cada lágrima
Me tornei meu algoz e minha pobre vítima
Não sei quem fui, mas me lembro quem sou!
Aquele que quase perdeu, mas que ganhou
Creio que sou o fim de cada noite que chorei
E no outro dia acordo outro e pela manhã partirei
Num dia fui quem se perdeu e dai sou quem se achou
Quem morreu todos os dias e diferente ressuscitou