18/08/2016 Zumbido Fugaz

O passado trás presente

O seu nome ecoa na minha mente Como o sino que insiste Em avisar sobre a missa das 18h O seu corpo comprime meus anseios Mas trás a tona os mesmos medos dos 16 anos Quando eu te vejo chegar um carro bate E eu não sei mais dizer se ainda são 14 cores que […]

Leia mais…

Continue lendo
26/09/2015 Gritos do Nada

Vidraça

Não serei mais vidraça pro seu grito de guerra Nem admitirei ser fraco ou omisso Aqui quem fala é que nunca espera É quem fez de verdade da luta compromisso. Não aceito seu preconceito descabido Sua neura e sua falta de argumento Me deixe então com meu livre arbítrio! Já que não me é possível […]

Leia mais…

Continue lendo
03/02/2014 Sonhos Viciados

Piazzas I

Hélio Oiticica beija minha mão esquerda enquanto eu tento esconder opiáceos dos guardas e malandros dessa rua antiga e sem dono. Me escondo nos paralelos invisíveis da tua língua morta sem tradutores e dicionários. […]

Leia mais…

Continue lendo

Poliana e a última noite de festa

20/10/2016 Gritos do Nada

Boca seca e dor de cabeça… Pra ela não são mais sentidos, mas sentimentos. O coça coça do nariz denuncia o pó de ontem a noite.

 “Caralho, como foi ontem?”

Poliana está nua, quase nua, ainda jaz sobre seu pau uma camisinha. Ela ri “tudo a mostra, menos o sexo, parece com a vida desse senhor que comi”.

Metáforas à parte, Poliana procura o celular, uma calcinha e o banheiro, necessariamente nessa ordem. Caminha pelo quarto e vê 4 corpos, 3 dos quais pensa que nunca viu sóbria: 2 mulheres, o tal senhor que comeu e uma outra travesti (que não conhece).

Vê uma calcinha no chão e, mesmo não sendo sua, coloca e vai á porta do quarto. Do lado de fora do quarto se agiganta uma casa imensa, silenciosa e distante demais do velho drivão onde se lembra de ter entrado.

“Que porra aconteceu?!?!”

Poliana acha o banheiro e nele seu celular que marca 11 horas da manhã, 12 ligações perdidas, 297 mensagens do whats e essa frase do Tom, o gato daquela merda de aplicativo: “Este gato não vai se alimentar sozinho”.

Ela não quer saber de nada daquilo, acha uma camiseta e resolve apenas que alguém precisa chamar o Uber, devolver sua bolsa e pagar pela noite que ela nem lembra o que fez. “Vida fácil, né?”, ela pensa sarcasticamente.

A casa é linda! Enquanto caga na privada que deve custar mais que todo seu banheiro, Poliana admira a cuba de porcelanato elegantemente descansando sobre uma pia de mármore branco. Também começa a pensar que não importa o que tenha cobrado, deveria era ter cobrado o dobro.

O lar daquele senhor parece estar acordando, ouve vozes, uma risada e uma pergunta que gela sua espinha: “Cadê o vovô?”.

CA RA LHO!

Poliana só consegue pensar que comeu o vô de alguém.

Acha um vestido muito menor do que si (se não estivesse de calcinha, algo apareceria por baixo!) e volta pro quarto, uma das meninas acordou e, assim como ela há minutos atrás, revira as almofadas atrás de algo… Poliana sorri, sem jeito, pros seios tão siliconados quanto os seus e pra barriga bem mais FLÁCIDA* que a sua:

– Bom dia querida!! Não lembro seu nome… Tenta parecer simpática.
– Oi. Andréia. Você viu um celular? Pode devolver meu vestido?

Poliana diz não a primeira pergunta e despe-se do vestido. Na reviração da Andréia ela achou sua calça de vinil…

“Mas de quem será essa calcinha?”

Poliana entende que não vai ter papo, acha sua bolsa e encontra 200 reais a mais do que esperava, pra ela tá ok.

As outras duas e o avô não acordam, mas enquanto reinava a paz entre os 5 que viviam em realidade paralela naquele cômodo a porta se abre. Pela porta, junto com a realidade, passa uma mulher distinta e jovem (20 e poucos?) e uma governanta (Poliana que nunca havia visto nenhuma em sua vida logo reconheceu que a moça de pele morena não se vestia nem como da família e nem como empregada).

Se preparou pra o escândalo que sempre vem depois desses flagras, porém a moça distinta lhes sorriu, perguntou se o avô havia pago tudo e lhes ofereceu café da manhã. Andréia, que parecia habitué da casa, desceu as escadas e foi encher a (FLÁCIDA*) barriga enquanto Poliana só pediu que lhes mostrassem a saída.

“Avô, neta cafetina, casa linda nos jardins… A minha realidade paralela cruza cada vez mais fundo com o mundo real dessa gente normal”.

Prólogo

Aquela foi a mais louca e última noite do avô, durante a madrugada ele misturou cocaína com Amitriptilina (2,5 gramas) e o antidepressivo o matou… Quer dizer, ele se matou, o antidepressivo só foi o instrumento.

Poliana foi informada depois, Andréia havia pego seu whats (aparentemente gostou muito das “interações”), mas Poliana já sabia, havia achado vídeos no seu celular e nele havia todos os “ménage a trois” possíveis com aquela configuração de pessoas e um gang bang “diferenciado”, mas não foi isso que a chocou, havia um vídeo do avô chorando e dizendo que era a ultima vez que fingia, que não aguentava mais o Alzheimer da esposa e blablabla…

Depois da última noite de festa. Chorando e esperando amanhecer, amanhecer.**

Poliana sorriu entre lágrimas de novo: “mais que dinheiro, mais que amor, mais que tudo o que nos mantém vivo é a coragem”.

*Frisos da Poliana.
** Trecho de Camila, Camila – Banda Nenhum de Nós

Ir ao post original

Recordar é viver

14/03/2012 Gritos do Nada

Crescer

Me jogo na rua e lá me lava a chuva fina Gota por gota de encontro ao chão Escorrem dores por não ter a consciência limpa E clamo por coragem, chorando sem razão Lá nos longínquos anos deixei todas as certezas Pios não sou mais menino e já sei dizer não Por isso não me […]

Leia mais…

22/11/2011 Resenhas de Livros

Natimorto – Lourenço Mutarelli

Conheci o Mutarelli pra valer quando ganhei o Jesus Kid, outro livro do cara, só sabia até então que ele tinha escrito o romance Cheiro do Ralo e atuava no filme. Mas Jesus Kid merece uma resenha só pra ele. O natimorto foi outro presente. Esse, não reserva tanto humor como Jesus Kid, mas é […]

Leia mais…

04/07/2013 Gritos do Nada

Tecno-existência III – Um Manifesto Desesperançoso

Vou escrever pelos nerds e sua solidão, que é acompanhada por esses milhares de aplicativos… E também pelas jovenzinhas com pernas bonitas e bocas nervosas, que são apenas mocinhas sozinhas, com uma Smirnoff numa mão e o celular na outra… Escrevo por essa solidão dos 500 rostinhos no Face, na centena de seguidores no Twitter […]

Leia mais…

04/04/2012 Gritos do Nada

Águas desoladas

Águas desoladas e sem caminho Perdidas entre as lágrimas do meu olho Este sou, perdido sem teu carinho Com o coração fechado de ferrolho! Sou intensa luz que se apaga Calor que se esvai do corpo, da vida Mentira mal-contada, uma adaga Que parte o peito com essa saudade antiga O tempo é contado por […]

Leia mais…

25/05/2012 Backstage

Lisa Emanuely

Estou postando no dia errado, eu sei, mas não resisti, e esse não será o Gritos do Nada da semana… Enfim, um grande amigo e sua digníssima terão o prazer do primeiro filho, na verdade filha, em breve, e ele me sugeriu o nome dela (Lisa Emanuely) como tema para um poema. Não tive o prazer […]

Leia mais…

29/10/2012 Colunas - Sonhos Viciados

Fim do expediente – Outra teoria sobre liberdade

Conflitos confinados na pasta do senhor solitário na mesa do bar. Uma chamada para acompanhar seu copo raso de conhaque. Mais advogados em outra mesa. Apaixonados em suas teorias, deve ter no Vade Mecum, na lei, no artigo, em algum lugar aí dentro. Fim de expediente, corpos aprisionados em seus ternos, saias justas e salto-alto. […]

Leia mais…

Artista



Acervo público Metropolitan Museum of Arts, créditos: